Garrincha em Pau Grande
Tauan Ambrosio
Apesar de ser uma terça-feira comum, o clima era de festa no Ginásio Poliesportivo Nelson Ferreira Lima: música, brincadeiras, animadores e até uma cantina distribuindo cachorros-quentes e guaraná. Uma atividade artística e educacional inspirada pelas Olimpíadas, algo aparentemente simples para quem chega de uma capital. Mas de importância enorme por aquelas bandas.
Parecia até data comemorativa, como a que acontece anualmente todo dia 18 de outubro e movimenta o local mais famoso do 6º distrito do município de Magé, no Rio de Janeiro. Estamos falando de Pau Grande, lugar de nome engraçado para quem gosta de piadas de duplo sentido e que passou a ser de conhecimento público por ter sido o berço de um dos maiores craques da história do futebol: Mané Garrincha.
Conforme marcado, vou me encontrar com Rosângela pela primeira vez. Ela chega com um sorriso no rosto e me dá um abraço, enquanto eu ainda tento digerir aquela imagem. Afinal de contas, ela é igualzinha ao seu pai. Só que a paternidade de Garrincha foi provada somente após um exame de DNA. Algo aparentemente desnecessário, tamanha semelhança – principalmente nos olhos, nariz e boca.
Parecia até data comemorativa, como a que acontece anualmente todo dia 18 de outubro e movimenta o local mais famoso do 6º distrito do município de Magé, no Rio de Janeiro. Estamos falando de Pau Grande, lugar de nome engraçado para quem gosta de piadas de duplo sentido e que passou a ser de conhecimento público por ter sido o berço de um dos maiores craques da história do futebol: Mané Garrincha.
Conforme marcado, vou me encontrar com Rosângela pela primeira vez. Ela chega com um sorriso no rosto e me dá um abraço, enquanto eu ainda tento digerir aquela imagem. Afinal de contas, ela é igualzinha ao seu pai. Só que a paternidade de Garrincha foi provada somente após um exame de DNA. Algo aparentemente desnecessário, tamanha semelhança – principalmente nos olhos, nariz e boca.
Rosângela nasceu em 1954, fruto de um dos muitos casos extraconjugais do craque. Sua mãe, Alcina, trabalhava na América Fabril (a fábrica têxtil que era a grande responsável pela movimentação do local no passado) e quando ficou grávida Garrincha se afastou. Nunca cobrou nada de Mané, que na época dava os seus primeiros passos como jogador do Botafogo.
Apesar de não ter passado a infância com o pai, Rosângela não demonstra nenhuma mágoa. Pelo contrário. É uma entusiasta de Mané Garrincha, sempre disposta a fazer o que pode para manter viva a memória do maior camisa 7 do Brasil e da história do futebol de seleções. Dentro do poliesportivo, que segundo ela será rebatizado em honra ao craque, ela montou um espaço com homenagens ao filho mais famoso do 6º distrito de Magé.
Em meio às crianças que enchem a sala, chutando bolas e tirando fotos como se fossem Garrincha, Rosângela confessa que estava nervosa. “Passei a noite toda preparando isso”, disse. Uma sala repleta de imagens, recortes de jornal, livros, camisa em verde e amarelo e outras com a famosa Estrela Solitária em preto e branco. Orgulhosos, outros parentes de Mané Garrincha chegam ao local. E eles são muitos: netas, bisnetos... todos moradores de Pau Grande.
A história da família por lá é muito antiga. Começou com Mané Caieira, tio de Garrincha, que prosperou no local e chamou os irmãos para deixarem o Nordeste do país em busca de uma vida melhor no pé da serra fluminense. E segue até os dias atuais. Rosângela, que garante sempre ter tido boa relação com as outras irmãs, apresenta as netas de Garrincha. Uma delas já pensa até em carreira política pela região. Rosângela também mostra com orgulho os bisnetos do craque, e quando eu cito o irmão sueco – fruto de uma ‘escapada’ de seu pai na Copa do Mundo de 1958 – ela abre um sorriso e recorda de uma visita dele a Pau Grande.
O ginásio é todo temático ao herói daquela terra, e conta com quatro grandes imagens pintadas em suas paredes: as pernas tortas de Garrincha, um retrato do próprio vestindo a camisa da Seleção, um grande escudo do Botafogo e o brasão de Magé. É apenas uma pequena amostra da presença absoluta de Garrincha por ali.
Deixamos o local, e logo em frente está a Escola Municipal Mané Garrincha. Alguns metros depois, outro centro educacional batizado em homenagem ao Anjo das Pernas Tortas. Mais perto ainda, o Estádio Mané Garrincha. Longe da modernidade da arena construída em Brasília, este aqui é o campo do Esporte Clube Pau Grande, clube amador fundado em 1908 pelos ingleses donos da América Fabril e defendido pelo ponta-direita mais famoso de nosso futebol.
Só que não era o campo preferido de Garrincha. Se havia fidelidade no seu amor ao futebol, este talvez esteja ligado ao terreno de terra batida em uma das encostas da cidade. Para chegar lá, é preciso subir um pouco pelo mato. O suficiente para ter uma vista completa do pacato distrito ao pé da serra. O campo fica cercado por árvores e a encosta. Lá, Mané disputava peladas que, para ele, valiam tanto quanto uma partida de Copa do Mundo. Inclusive, antes de jogos importantes por Botafogo ou Seleção Brasileira. É lógico que os dirigentes detestavam isso, afinal de contas as chances de lesão aumentavam.
Mas o futebol, para Manuel dos Santos, era somente uma grande diversão. Algo tão prazeroso quanto o calor de uma mulher ou de um copo de bebida. Os bares onde ele bebia acompanhado dos inseparáveis amigos Pincel e Swing estavam fechados. Mas existe o pensamento de revitalizar alguns dos pontos preferidos de Garrincha em Pau Grande. A intenção é usar a imagem do ídolo para alavancar o turismo local.
A moradia que ganhou da América Fabril após a conquista da Copa de 1962 é um destes pontos principais. Lá mora a neta de Garrincha, Sandra. Uma casa amarela, com imagens do Anjo das Pernas Tortas por todos os lugares. Na garagem, o sonho é revitalizar um bar temático sobre o familiar ilustre. Marido de Sandra, Carlos Eduardo vestiu até uma réplica da camisa usada no Mundial do Chile. O plano é o de fazer um grande passeio temático pelo distrito, contando a história de vida de seu filho mais famoso.
Já são 33 anos desde a morte de Mané Garrincha, mas em Pau Grande ele segue vivo em todos os lugares. Ainda é tema de conversa entre os moradores, que se orgulham do camisa 7 como se ele ainda estivesse em campo. Uma rotina que pouco mudou em relação a décadas atrás: as pessoas ainda caçam passarinhos, conversam em botecos e, claro, jogam futebol. Todos sonham em ver a história se repetir de alguma maneira. Mas, como Rosângela faz questão de afirmar, “Garrincha não tem mais não”.
Embora siga vivo em sua terra natal como em nenhum outro lugar, e seja a principal esperança para Magé entrar no circuito turístico do Rio de Janeiro, a sensação final é óbvia: Garrincha foi algo único em toda a história do futebol. E é exatamente por isso, por suas conquistas e pela beleza de seu jogo, que deve sempre ser lembrado. Esquecido? Jamais!
Apesar de não ter passado a infância com o pai, Rosângela não demonstra nenhuma mágoa. Pelo contrário. É uma entusiasta de Mané Garrincha, sempre disposta a fazer o que pode para manter viva a memória do maior camisa 7 do Brasil e da história do futebol de seleções. Dentro do poliesportivo, que segundo ela será rebatizado em honra ao craque, ela montou um espaço com homenagens ao filho mais famoso do 6º distrito de Magé.
Em meio às crianças que enchem a sala, chutando bolas e tirando fotos como se fossem Garrincha, Rosângela confessa que estava nervosa. “Passei a noite toda preparando isso”, disse. Uma sala repleta de imagens, recortes de jornal, livros, camisa em verde e amarelo e outras com a famosa Estrela Solitária em preto e branco. Orgulhosos, outros parentes de Mané Garrincha chegam ao local. E eles são muitos: netas, bisnetos... todos moradores de Pau Grande.
A história da família por lá é muito antiga. Começou com Mané Caieira, tio de Garrincha, que prosperou no local e chamou os irmãos para deixarem o Nordeste do país em busca de uma vida melhor no pé da serra fluminense. E segue até os dias atuais. Rosângela, que garante sempre ter tido boa relação com as outras irmãs, apresenta as netas de Garrincha. Uma delas já pensa até em carreira política pela região. Rosângela também mostra com orgulho os bisnetos do craque, e quando eu cito o irmão sueco – fruto de uma ‘escapada’ de seu pai na Copa do Mundo de 1958 – ela abre um sorriso e recorda de uma visita dele a Pau Grande.
O ginásio é todo temático ao herói daquela terra, e conta com quatro grandes imagens pintadas em suas paredes: as pernas tortas de Garrincha, um retrato do próprio vestindo a camisa da Seleção, um grande escudo do Botafogo e o brasão de Magé. É apenas uma pequena amostra da presença absoluta de Garrincha por ali.
Deixamos o local, e logo em frente está a Escola Municipal Mané Garrincha. Alguns metros depois, outro centro educacional batizado em homenagem ao Anjo das Pernas Tortas. Mais perto ainda, o Estádio Mané Garrincha. Longe da modernidade da arena construída em Brasília, este aqui é o campo do Esporte Clube Pau Grande, clube amador fundado em 1908 pelos ingleses donos da América Fabril e defendido pelo ponta-direita mais famoso de nosso futebol.
Só que não era o campo preferido de Garrincha. Se havia fidelidade no seu amor ao futebol, este talvez esteja ligado ao terreno de terra batida em uma das encostas da cidade. Para chegar lá, é preciso subir um pouco pelo mato. O suficiente para ter uma vista completa do pacato distrito ao pé da serra. O campo fica cercado por árvores e a encosta. Lá, Mané disputava peladas que, para ele, valiam tanto quanto uma partida de Copa do Mundo. Inclusive, antes de jogos importantes por Botafogo ou Seleção Brasileira. É lógico que os dirigentes detestavam isso, afinal de contas as chances de lesão aumentavam.
Mas o futebol, para Manuel dos Santos, era somente uma grande diversão. Algo tão prazeroso quanto o calor de uma mulher ou de um copo de bebida. Os bares onde ele bebia acompanhado dos inseparáveis amigos Pincel e Swing estavam fechados. Mas existe o pensamento de revitalizar alguns dos pontos preferidos de Garrincha em Pau Grande. A intenção é usar a imagem do ídolo para alavancar o turismo local.
A moradia que ganhou da América Fabril após a conquista da Copa de 1962 é um destes pontos principais. Lá mora a neta de Garrincha, Sandra. Uma casa amarela, com imagens do Anjo das Pernas Tortas por todos os lugares. Na garagem, o sonho é revitalizar um bar temático sobre o familiar ilustre. Marido de Sandra, Carlos Eduardo vestiu até uma réplica da camisa usada no Mundial do Chile. O plano é o de fazer um grande passeio temático pelo distrito, contando a história de vida de seu filho mais famoso.
Já são 33 anos desde a morte de Mané Garrincha, mas em Pau Grande ele segue vivo em todos os lugares. Ainda é tema de conversa entre os moradores, que se orgulham do camisa 7 como se ele ainda estivesse em campo. Uma rotina que pouco mudou em relação a décadas atrás: as pessoas ainda caçam passarinhos, conversam em botecos e, claro, jogam futebol. Todos sonham em ver a história se repetir de alguma maneira. Mas, como Rosângela faz questão de afirmar, “Garrincha não tem mais não”.
Embora siga vivo em sua terra natal como em nenhum outro lugar, e seja a principal esperança para Magé entrar no circuito turístico do Rio de Janeiro, a sensação final é óbvia: Garrincha foi algo único em toda a história do futebol. E é exatamente por isso, por suas conquistas e pela beleza de seu jogo, que deve sempre ser lembrado. Esquecido? Jamais!
Fonte: Yahoo Esportes